Inacreditável, da Netflix, conta a triste história de Marie, uma garota que é atacada por um estuprador em série aos 18 anos de idade. Para piorar, os detetives envolvidos no caso – e a família de Marie – deslegitimam a versão da história da jovem mulher, ignorando as evidências de que ela foi de fato atacada, o que poucos sabem, é que, a minissérie é baseada em uma história real, que contaremos logo abaixo. Conheça a História Real por Trás da Nova Minissérie da Netflix:

A história real

O caso é verdadeiro e é baseado em uma investigação conjunta de 2015 do ProPublica e do Projeto Marshall, ganhadora do Prêmio Pulitzer. O artigo foi realizado pelos repórteres T. Christian Miller e Ken Armstrong. A publicação, chamada de “Uma história inacreditável de estupro”, conta a história de Marie (o nome do meio da vítima real) e dos detetives do Colorado que caçam um predador em série. Apesar do fato de que o trauma às vezes pode levar as vítimas a relatar diferentes ataques, a polícia apurou inconsistências na história de Marie.PUBLICIDADE

“Quando a polícia começou a duvidar de Marie, eles a atacaram“, disse Armstrong à Rádio Pública Nacional no ano passado. “O foco da investigação se tornou sua credibilidade. E, em vez de entrevistar Marie como vítima, eles começaram a interrogá-la como suspeita.”.

A diferença da abordagem entre policiais masculinos e femininos

Inacreditável: Conheça a História Real por Trás da Nova Minissérie da Netflix

A ideia que a série, bem como a publicação original passam, é de que há uma diferença entre a abordagem de policiais masculinos e femininos em casos de abuso sexual e estupros. Os policiais masculinos tendem sempre a questionar a validade do depoimento da mulher, e em muitos casos, duvidarem. Ao que parece, foi exatamente isso que aconteceu aqui.

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Os investigadores a confrontaram e, sob sua pressão, Marie acabou voltando atrás com sua reivindicação inicial. Mais tarde, ela foi acusada de fazer um falso relatório policial – um crime punível com pena de até um ano de prisão. Marie aceitou um acordo judicial que a condenou a aconselhamento, liberdade condicional e pagamento de US$ 500 para custas judiciais, mas sem prisão. Apenas algumas semanas depois que ela foi acusada, outra mulher de Seattle relatou ter sido estuprada em sua casa por um agressor que a amarrou e a fotografou.

Em 2011, as detetives do Colorado Stacy Galbraith e Edna Hendershot, oficiais de departamentos separados em diferentes cidades, estavam trabalhando juntos para capturar um estuprador em série aterrorizando mulheres, completamente inconsciente de que Marie existia. Parece história de ficção, não é mesmo?

O questionamento do depoimento

Os jornalistas relataram a história em parte, entrevistando quase todos os envolvidos. Portanto, Marie, seus pais adotivos, as detetives do Colorado que resolveram o caso e um dos policiais de Washington que confundiram e o estuprador, deram seus depoimentos. Em um artigo de acompanhamento descrevendo o processo pelo qual eles relataram a história, as jornalistas escreveram que arquivaram pedidos de registros de milhares de páginas de documentos dos escritórios da polícia e do Ministério Público em Washington e Colorado.Os registros obtidos por meio dessas solicitações incluíam relatórios de investigação arquivados por detetives em Lynnwood e em outros lugares; fotos da cena do crime e imagens de vigilância coletadas pelas várias agências policiais; as duas análises de casos de como a polícia de Lynnwood lidou com a investigação do relatório de estupro de Marie. (via esquire).
O ponto crucial de Inacreditável é como os policiais e detetives designados originalmente para o caso de Marie usam táticas de interrogatório e informações ruins, desgastando-a até o ponto em que ela parece achar que seria mais fácil se ela apenas disser que mentiu sobre ser estuprada. Além disso, ela começa a ficar perturbada com toda a situação, fazendo com que sua credibilidade fosse questionada ainda mais.

Apesar do roteiro envolvente e das ótimas atuações, “Inacreditável” obviamente não é uma série fácil de assistir. Para além do que é mostrado na tela, há uma questão que a torna ainda mais indigesta: já parou para pensar em quantas outras vítimas passam pelo que é mostrado na série? E quantas delas não têm a sorte de encontrar policiais como Stacy Galbraith e Edna Hendershot? Quantas são estupradas por membros da própria família? Quantas moram em países onde o descaso com vítimas de estupro é ainda maior do que nos Estados Unidos? Quantas mulheres estupradas são vistas como mentirosas e jamais conseguirão justiça? E quantas delas, ainda por cima, acabam sendo processadas por denunciação caluniosa?

Tais perguntas sem resposta não podem ser varridas para baixo do tapete. E é isso que faz de “Inacreditável” é uma série necessária.

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